Cidade: Nome do Bem: Natureza:
Navegantes Carnaval Imaterial

 

Breve Histórico:

Os Entrudos – Os Carnavais

 

O carnaval é um misto de folguedo, festa e espetáculo popular. Ao lado do futebol, é a maior manifestação de cultura popular do país. Chegou ao Brasil no século XVII com o nome de entrudo, o Intróito da Quaresma, trazido pelos portugueses como forma alegre de brincar. Em Navegantes, as pessoas jogavam reciprocamente baldes d’água, os chamados limões de cheiro misturado com farinha de trigo e, ás vezes, com cal.

 

Muito se fala dos limões de cera, ou de cheiro e talvez sem conhecer como os fizesse. Os limões de cera eram feitos de uma forma especial. Primeiramente, eram cobertos por uma leve camada de sabão, depois jogados em cera derretida; dali, os limões eram colocados na água fria. Mãos hábeis desgrudavam a cera do limão ou laranja que havia tomado o formato da fruta. Recompondo-a, novamente, enchiam-na com água, farinha, trigo, tendo o cuidado de fechar a abertura com cera.

Prontos para o combate eram carregados nas costas, protegidos com barba de velho. Nos lugares onde não eram usados os limões, a guerra fria era com esguichos, bisnagas, gomo de bambu, ás vezes verdadeiras tempestades de balde de água. Dona Benísia traz no seu rosto uma recordação de um entrudo. Ao jogarem-lhe uma baldada de água.

 

O Carnaval – Primóridos

 

Juventino Linhares em “O que a Memória Guardou”, fala sobre os carros de carnaval em Itajaí, uma arrojada novidade daqueles tempos. Bernardo e Manoel Gaya, irmãos de João Gaya eram proprietários da passagem de Navegantes* que era muito morosa, o que levava os passageiros a dizer “quem tem pressa que espere sentado”. Num carnaval quando a passagem ainda pertencia aos dois irmãos Gaya, os foliões de Itajaí para mexer com os navegantinos, montaram um carro alegórico. Vários carros foram feitos para ridicularizar ou criticar os costumes da época e, entre eles um se propunha a ridicularizar a morosidade da passagem de Navegantes. Tal carro levava uma barcaça que dizia “Quem tiver pressa que espere”.

 

Os carnavais em Navegantes começaram nos salões. O Clube 1º de Janeiro foi o primeiro clube de dança em Navegantes. Foi o percursor dos grandes bailes e era considerado o clube dos ricos onde só dançavam os sócios. Quem não era associado ficava só espiando do lado de fora e os moços de Itajaí vinham para o outro lado.

 

Os principais carnavais de salão eram os bailes da Sociedade Recreativa Sul América e da Sociedade Recreativa Almirante Tamandaré, onde contam que existia uma rixa entre as moças que frequentavam os clubes e por parte dos presidentes que também mantinham essa rivalidade. A Sociedade Recreativa Almirante Tamandaré foi fundada em maio de 1932 com as cores vermelho, preto e branco era o clube rival do Sul América. Os dois clubes durante o período carnavalesco abrigavam boa parte da elite navegantiva e havia uma rixa muito grande entre as moças frequentadoras. Ambos eram clubes respeitados e tradicionais na cidade e seus bailes, fossem eles de carnaval ou não, eram esperados por todos.

 

Outro clube que despontou no cenário navegantino foi o Vera Cruz criado por João Martins do Santos (o João Carolino). Neste salão localizado no bairro pontal os frequentadores eram as famílias dos pescadores. O salão onde funcionava o Vera Cruz também era utilizado como uma escola para os filhos dos pecadores, uma espécie de “Colônia Escolar”, que era mantida pela cooperativa dos pescadores. Segundo Elvira Machado, que relatou a Didymea no seu livro Navegantes que eu Conto, ela teria sido a primeira professora daquela escola.

 

Segundo Ilva Santos durante o período do carnaval cada rainha tinha um grupo que era uma espécie de bloco. Este grupo representava seu clube de origem e visitava os demais clubes. O Clube União era o que abrigava a rainha do Pontal e Centro.

 

Dos carnavais de clube para as apresentações nas ruas foi onde Navegantes se consolidou como um dos maiores carnavais de SC. O maior bloco de sujos do Sul do país iniciou em 1978, com um grupo de oito integrantes da família Souza, do bairro São Domingos. A turma que queria se divertir na segunda-feira de carnaval resolveu se fantasiar de mulheres e sair pelas ruas da cidade. Segundo Osair Souza, o primeiro nome do bloco foi “Banho da Dorotéia”, pois o grupo já fantasiado saiu em cima do caminhão de Norival Souza, com destino à Praia Central do município. Ele explica que no ano seguinte, o grupo que já ganhava alguns simpatizantes, era chamado apenas de “Bloco da Dorotéia”.

 

Em 1980, ano em que a escola de Samba Unidos de São Domingos foi fundada, o “Bloco da Dorotéia” ganhou mais força, quando muitos componentes da agremiação resolveram sair também no bloco de sujos. Nesta época, o nome do bloco havia se transformado em “Naveguei”, no sentido de navegar, pois o grupo, que já envolvia componentes de todo o município, passou a atravessar o Ferry Boat e desfilar pelas ruas de Itajaí. A cada ano, mais pessoas se juntaram ao bloco, que passou a desfilar somente em Navegantes. Com o passar dos anos as mulheres começaram a participar do bloco conhecido como “Navegay”, denominação escolhida devido às fantasias de sexo oposto que os integrantes usavam.

 

O primeiro bloco de carnaval de Navegantes veio do bairro Pontal e foi o Estrelinha do Mar. Ele saía para desfilar com crianças e, o então grupo Ciganos do Amanhã também tinha interesse em desfilar, dando origem ao Bloco da Amizade. Nesta época, existia uma regra de que para dar início aos desfiles era necessário que o grupo tivesse 60 integrantes. O grupo que deu início ao Bloco da Amizade era um pessoal que residia no centro de Navegantes, da família do Sr. Alceno que moravam próximo a casa da D. Vani. O grupo foi se consolidando e as fantasias começaram a ser fabricadas pelos integrantes. A organização do bloco acontecia na casa do Sr. Alceno e os enredos eram os mesmos do RJ. A equipe escolhia um enredo carioca para ser o mote do bloco em Navegantes.

 

No início, as fantasias eram simples com apenas uma cartola ou uma roupa de cetim. As meninas usavam uma pena na cabeça e assim, com certo improviso, eram feitos os primeiros desfiles. O Bloco da Amizade após seu primeiro ano de desfile, colocou na avenida um Bugue como carro alegórico, todo enfeitado e a Analu, filha de D.Clarinda, que concorria no Guarani em Itajaí com a fantasia de luxo em cima do carro.

 

Com o passar dos anos o carnaval foi tomando outra característica e outra dimensão, do Bloco da Amizade alguns participantes saíram e formaram o Bloco Cara e Coragem para tornar os desfiles ainda mais competitivos. Segundo a Sra. Ilva, durante a entrevista referente ao carnaval, as pessoas gostavam de fazer carnaval, ela desenhava as fantasias e o pessoal levava pra casa pra bordar.

 

O mesmo acontecia com o Cara e Coragem, as pessoas que eram dos blocos adversários, por mais que fossem amigos, não mostrava a fantasia do seu bloco para o outro. Navegantes convivia com um suspense das fantasias até o dia do desfile na avenida.

 

*Para saber mais sobre a passagem de Navegantes assista ao documentário “A passagem e suas Histórias” disponível no bem cultural Ferry Boat ou através do




 

Referências:

 

LINHARES, Juventino. O que a Memória Guardou. Itajaí, SC: Ed. da Univali, 1997. 328p.

 

NAVEGAY. O Maior Bloco de Sujos do Sul do país. Disponível em v.br/noticia/9406/navegay-o-maior-bloco-de-sujos-do-sul-do-pas-completa-37-anos>

OLIVEIRA, Didymea Lazzaris. O Navegantes que eu conto. Navegantes: Papa Terra, 2012. 400 p. SANTOS, Ilva. Entrevista. Realizada em outubro de 2017.

 



 

Uso Atual:

Navegantes é conhecida por ter um dos maiores carnavais de Santa Catarina. A programação começa sempre na sexta feira com o Enterro da Tristeza, uma encenação que simboliza o fim da tristeza e o começo da alegria do carnaval. O cortejo sai da frente do Ferry Boat passando pela Av. João Sacavem e seguindo até a Praça Central da praia de Navegantes sempre embalado pelas marchinhas.

Na sexta feira a noite acontece o tradicional baile do azul e branco promovido pelo Clube Navemar onde os participantes devem ir vestindo essas cores e agitam a cidade.

No sábado há o desfile das escolas de samba porém, em 2017 por falta de verbas os blocos carnavalescos não realizaram o desfile.

No domingo a avenida Beira Mar é tomada pelos bloquinhos de animação.

Na segunda de carnaval ocorre o tradicional Navegay. O desfile do maior Bloco de Sujos do Sul do Brasil. Ele tem como ponto de partida o final da Avenida Beira Mar, ao lado do Sinergia Sistema de Ensino, e segue até próximo ao Hotel Costa quando há a dispersão final do trio elétrico.

 

Nome Prefeitura Municipal de Navegantes
Permite Visitação Sim
Dificuldade Visita Fácil
Sinalização Indicativa Nenhuma
Sinalização Interpretativa Nenhuma
Tipo de Acesso Pavimentado
Acessibilidade Sim
Sinal de telefonia móvel Sim
Serviços regulares Oferta alimentar
Atividades Esporádicas Apresentações, Outros
Tipo Proprietário Público
Nome Proprietário Prefeitura Municipal de Navegante / Secretaria do Turismo
Bem tombado ou Registrado? Não


 

Pontos Fortes:

Considerado um dos maiores carnavais do sul do Brasil. Atrai turistas e visitantes de todos os estados brasileiros.

Não há uma distinção de foliões no Navegay e é possível todos participarem. Há uma liga das escolas de samba de Navegantes.

Carnaval de salão no Navemar é uma tradição e reconhecido pelos navegantinos.

Pontos Fracos:

Rede hoteleira é deficiente para receber um grande demanda, não há leitos suficientes na cidade.

O trajeto do Navegay é curto o que acaba gerando a dispersão dos participantes antes do ponto final.

Investimentos insuficientes para as escolas de samba.

Direcionamentos:

Registrar o Navegay como um bem imaterial da cidade.

Dar subsídios para que as escolas de samba não deixem de realizar seus desfiles. Fomentar o turismo relacionado ao carnaval de rua de Navegantes.

Fechar parcerias e criar mecanismos de divulgação durante o carnaval com cidades vizinhas para abrigar os possíveis foliões.

Aumentar o percurso do Navegay.

 

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